quarta-feira, 24 de maio de 2017

Edição #1

Nesse link aqui em baixo você pode conferir o Simbiose #1 em versão PDF:

Problematiza, IB #1 - Cotas na Unicamp

A greve do ano passado (1º Semestre de 2016) teve frutos que ainda estamos colhendo. Aqui nessa edição vamos abordar um que está mais fresco do que nunca, que é a implementação do Sistema de Cotas étnico-raciais na Unicamp.

O Grupo de Trabalho (GT) criado para a organização de debates e propostas para a política de acesso que seria criada foi responsável por trazer o assunto para debate já no ano passado em 3 audiências públicas. Além disso, o debate deveria ser levado para os institutos da Unicamp, e cada um deveria apresentar um posicionamento para o Consu, órgão máximo de deliberação da Unicamp. Aqui no IB, esse debate foi feito recentemente, no dia 10 de Maio.

A mesa convidada era composta por um professor representante da Comvest, um professor representante do GT de Cotas e um discente representando o Núcleo de Consciência Negra da Unicamp. As três apresentações se mostraram, de certa forma, favoráveis à proposta de aplicação de Cotas idealizada pelo GT.

Retirado do Relatório do GT, Fevereiro de 2017

A proposta do GT reserva duas vagas para um vestibular indígena, além do vestibular convencional, que agora passaria a reservar 50% de vagas para alunos de baixa renda de escolas públicas, destes, 18,6% para autodeclarados pretos e pardos. A mesma porcentagem seria reservada para a outra metade de vagas, que não apresenta critérios. Isso somaria um total de 37,2% de vagas reservadas para autodeclarados pretos e pardos, se aproximando da porcentagem do estado de São Paulo, segundo o Censo 2014.

A primeira apresentação foi a de um representante da Comvest, o Profº José Alves de Freitas Neto, trazendo pesquisas e dados da Comissão Permanente para os Vestibulares. O Profº Júlio César Hadler Neto, trouxe dados discutidos nas Audiências Públicas e no GT, que demonstram a grande herança de injustiças históricas contra a população negra que temos. Também trouxe o fato de que não era atribuída a Comvest o acompanhamento do programa de inclusão implementado, atualmente o PAAIS, e, por isso, lembrou a importância de institucionalizar esse acompanhamento. Por fim, Teófilo Reis, do Núcleo de Consciência Negra, trouxe alguns pontos para a reflexão, incluíndo sobre como a implementação de Cotas vai também mudar a demanda no vestibular e, depois disso, uma demanda maior por políticas de permanência.

Retirado do Relatório do GT, Fevereiro de 2017

Na última sexta-feira (19/05/2017), a Congregação do IB, tinha como uma das suas 30 pautas, discutir e decidir qual seria o seu posicionamento perante a adoção do sistema de cotas proposto pelo GT. A discussão feita pelos docentes, funcionários e discentes presentes trouxeram pontos como mérito e excelência, racismo, oportunidades e privilégios etc. Por mais que fossem trazidos argumentos de pontos de vista diferentes, uma decisão deveria ser tomada, e então, uma minuta foi escrita e discutida. Depois que os representantes das três categorias fizeram seus comentários e pedidos de alteração, a minuta a ser votada era a seguinte:


“A congregação do Instituto de Biologia apoia fortemente a pluralidade de pensamentos e presença representativa das mais variadas etnias no ambiente Universitário, sempre vinculadas à excelência e mérito acadêmico. Neste sentido, acolhe e compartilha da visão inclusiva apresentada pelo relatório do GT de cotas étnico-raciais. Esta Congregação tem a convicção de que a adoção de variados mecanismos inclusivos e de permanência é o mais adequado a se fazer, pois amplia o leque de opções de entrada na Universidade, reforçando os princípios democráticos da nossa sociedade. Neste sentido, sustenta que ações afirmativas como o PAAIS e o ProFIS devam ser mantidas e aprimoradas, agregando-se, ainda, a reserva de uma parcela das vagas do Vestibular Unicamp para cotas étnico-raciais. Outras formas de ingresso na Unicamp também poderão ser propostas, estando a Congregação do IB aberta para avaliar e participar da lapidação de tais iniciativas.”

E com unanimidade de votos dos representantes presentes, esse será o posicionamento do instituto perante a reunião do Consu, no dia 30 de Maio.

Outras informações da congregação

Ainda nessa congregação, foram levantadas duas informações importantes. Uma delas foi um agradecimento ao reconhecimento da categoria de funcionários que, com os novos regimentos dos departamentos de biologia animal, de biologia estrutural e funcional e de genética, evolução e bioagentes, tiveram um acréscimo na representatividade.

A outra é que as premiações feitas pela unicamp, a “Zeferino Vaz” de reconhecimento acadêmico (pesquisa) e a de dedicação à docência (ensino), não terão mais a bonificação em dinheiro associada ao diploma, devido a crise financeira. A quantia, que correspondia a 3 salários mínimos da categoria MS-6 RDIDP (atualmente correspondente a R$47586,99), somava mais de 2 milhões em prêmios.

Entidades do IB #1


Mas afinal, o que é o CAEB?

O CAEB é um congresso realizado por estudantes de biologia que acontece a cada dois anos, ele tem uma longa tradição que começa em 93 e se estende até os dias de hoje, em 2017.

É nele que você pode ver palestras, participar de dois minicursos com tudo incluso e apresentar o seu trabalho (sabe aquele trabalho de eco do primeiro semestre? Pode!) com o direito a premiação se você chegar ao melhor da sua categoria.

Para a sua felicidade, a 13ª edição do CAEB acontece ESSE ANO e sabe o que mais? Você ainda pode se inscrever! O congresso acontece de 24 a 28 de julho, te encontramos lá!

Ágar-ágar #1

Nós, do Simbiose, não somos lá muito fãs de clichês. Então, apesar de termos amor e carinho por clássicos como "Gattaca" a recomendação desta edição é sobre uma novidade que acabou de sair de forno!

Lançado no Brasil em março de 2017, A Vida Secreta das Árvores, do engenheiro florestal Peter Wohlleben, promete fazer com que o leitor passe a ter uma nova perspectiva sobre as florestas, reconhecendo-as como um local de amizades, lutas, companheirismo e outras complexas interações que podem passar despercebidas sob o nosso olhar.

Contado na forma de crônicas e abordando questionamentos do autor (que surgiram durante caminhadas na floresta onde trabalha), o enredo traz vários tópicos sobre questões ambientais e tem um estilo bastante pessoal e informal. É nesse tom de conversa que descobrimos mais sobre as árvores e os seus esforços para crescerem e se reproduzirem no competitivo ambiente das florestas, como elas se mantêm vivas e saudáveis com a ajuda umas das outras, sobre seus sinais de alerta para suas companheiras, além de outros temas já bem estudados, mas trazidos de forma nova: transpiração e transporte de água,  fotossíntese e muito mais coisa.






Mas aí bate a dúvida… "Precisa manjar de botânica para entender o livro?" Simbiose responde: Magina! Sendo bixe ou veteraner, chegado ou não nas plantinhas, a leitura é muito gostosa, fácil, rápida, informativa e cheia de curiosidades sobre florestas e a vida que árvores levam. Ainda assim, não perde nem o pouco o caráter científico e o aprofundamento nos temas.
"Então, aí devem estar muitas respostas para as nossas perguntas sobre as árvores, né?" Bem… Sim e não. Com certeza, aí estão explicações de fenômenos com que a gente se depara por aí e nunca se pergunta muito bem o porquê. Mas como a maioria das coisas (se não tudo) na ciência, as respostas levam a mais perguntas! De qualquer forma, A Vida Secreta das Árvores é um jeito bem interessante de aprender um pouquinho mais sobre os segredos do que acontece debaixo da terra e descobrir que ainda há muitos outros para desvendarmos.

Pontos fortes
  • O livro é formado por capítulos (ou "historinhas") curtinhos, que podem ser lidos separadamente, sem ne- nhum risco de perder a continuidade do enredo.

  • O autor foi muito cuidadoso ao trazer temas como ecologia, conservação e conscientização, fisiologia, adaptação, evolução, dentre outros, de forma acessível a qualquer público. Pode compartilhar com mãe, pai, tia, gato, papagaio, crush, que a galera vai entender!
Pontos fracos
  • O Peter trabalha numa reserva florestal na Alemanha e, assim, a maioria das espécies de árvores que ele cita no livro são tipicamente europeias: faias, bétulas, carvalhos, pinheiros… Nada do que a gente costuma ver muito aqui no Brasil.

  • O autor coloca as referências de vários artigos dos quais ele traz alguma informação para o livro. Pena que a grande maioria desses artigos esteja em alemão! T_T

Bora? #1

Darwin no Brasil: A viagem no Beagle
O Museu exploratório, junto com a BCCL e o Museu de Zoologia do IB organizaram uma exposição com livros, memórias, objetos, animais e imagens sobre o trabalho desse naturalista que mudou a história, e não apenas da biologia.
Quando: Entre os dias 11/05 e 11/08
Onde: Na Biblioteca Central (BC)

Feminismos: experiências práticas
O Grupo de Estudos e Pesquisa em Educação e Diferenciação Sociocultural da FE traz uma mesa redonda que discutirá as esperiências práticas de diferentes vertentes do movimento feminista.
Quando: Dia 29/05, 19:00 - 23:00
Onde: Na sala da Congregação da Faculdade de Educação (FE)
OBS: É necessário se inscrever para o evento, a partir das 08hs do dia 18/05

Votação de Cotas no Consu
Dia 30/05

IntercâmBIOs #1 - Ed especial EREB-SeRio

Você ainda não sabe o que é o EREB? Bom, é o Encontro Regional dos Estudantes de Biologia. Nós, da Unicamp, participamos do Encontro Regional do Sudeste, por isso EREB-Se. Esse encontro, que é uma ferra- menta da Entidade Nacional dos Estudantes de Biologia, o ENEBio, acontece todo ano e busca atuar como um agente transformador, trazendo reflexões de questões ambientais, políticas e sociais.

O EREB de 2017 aconteceu no Rio de Janeiro, organizado pela UXRJ, ou seja, a união entre as escolas de Biologia da UFRJ e da UERJ, respectivamente, a universidade federal e a estadual do Rio de Janeiro. O tema central do Encontro deste ano foi Educação. Mas talvez, mesmo explicando tudo isso, a ideia de como é o encontro, ainda fica meio abstrata. Então, vamos dar um pequeno relato do encontro, bastante resumido mesmo, para dar uma ideia do que aconteceu por lá.

O espaço, que é auto-organizado, conta com a colaboração de todos. Então logo depois da inscrição, você já é designado para um grupo que vai ajudar na organização do evento, garantindo que tudo funcione como deveria. Em seguida, a mesa de abertura que nessa edição foi bastante comovente. Contou com o depoimento de uma estudante da UERJ, que pode explicar a situação da precarização e sucateamento da Universidade por negli- gência do Governo do Estado do Rio. A si- tuação, que se arrasta desde 2014, conta com o não pagamento de professores, bolsas e recursos, necessários para o funcionamento da Universidade.

No segundo dia, aconteceu os espaços de Grupos de Discussão (GDs) e Grupos de Trabalho (GTs). Os GTs tinham temas maiores, como Escola, Universidade, Gênero e Sexualidade, Negritude, Mulheres etc. Dentro desses temas, assuntos mais específicos eram abordados por grupos menores, os GDs. As discussões realizadas pelos GDs acabavam com algumas conclusões e propostas, que seriam discutidas por todos os encontristas dos GDs inseridos no seu Grupo de Trabalho. Do mesmo modo, as decisões e propostas que surgiram nos GTs, seriam discutidas e deliberadas na Assembléia do último dia do EREB, assim como acontece no ENEB. Nessa edição, por exemplo, a Biologia da Unicamp decidiu dar indicativo para Articulação Nacional, o que vai ser decidido no Encontro Nacional. O novo coletivo de gênero e sexualidade do IB tem suas raízes no ENEBio, por exemplo.

O terceiro dia tinha os espaços de Vivência, que são momentos de experiência com uma realidade que, normalmente, o encontrista não está acostumado. Isso leva a diversas reflexões sobre as nossas realidades e as nossas experiências. Tivemos a opção de conhecer Projetos de extensão das universidades do Rio, como o Muda Maré, um projeto de educação ambiental no Complexo do Maré, comunidade no entorno do Campus da UFRJ; O Projeto Capim Limão, que promove discussões sobre a agroecologia, incluindo um espaço que os alunos da UFRJ tem para desenvolver um experimentação agroecológica e de permacultura na Universidade (ficamos com inveja, porque é uma iniciativa maravilhosa).

Conheça mais sobre o projeto na página do facebook:
https://www.facebook.com/projetocapimlimao

Outros projetos foram abordados nas vivências, como o Reflorestamento do Pão de açúcar que é realizado por voluntários; a preservação e manejo na Floresta da Tijuca, que é feita por trabalhadores terceirizados, recuperando uma área que era uma grande plantação de café. Os trabalhadores se preocupam bastante com a manutenção das trilhas, pois sabem a importância da visitação e a aproximação das pessoas com a natureza, possibilitando uma maior preservação do local. Também projetos de educação, como o pré-vestibular social no Morro do São Carlos e o PreparaNem, que visa preparar travestis, transsexuais e trangêneros para o Exame, para o ingresso dessa população trans na universidade. Sobre as vivências, e como elas podem inspirar novos projetos aqui no IB - Unicamp, vale lembrar que o Chá das Minas daqui vem de uma Vivência do ENEB de Viçosa, em 2015.

Depoimento

O simBIOse traz o depoimento do João, Cinzeiro (015D), que foi para o EREB-SeRio

Certas coisas nos prendem como raízes bem firmes de uma enorme sequoia. A ENEBio não é diferente.

Lembro-me do meu primeiro Encontro. Estava tão feliz por apenas viajar a outro estado que tudo o que viesse a mais seria a superação da minha própria expectativa (mesmo que alta logo de início). E sobre tudo o que veio “a mais” até hoje reflito sobre aqueles ensinamentos. Cada palavra, cada olhar, cada energia, cada conselho, cada companheiro, cada descoberta de si... do ser. Para controlar essa magia, precisava mergulhar em seu interior e desbravar cada canto que permitiu a (re)viravolta do meu eu naquela semana (embora ainda me recuse a dizer que aquele recorte temporal durou somente sete dias perto da dimensão de aprendizados que jamais caberiam em cinco anos).

E a felicidade jamais encontra um ponto final.

Todo dia me vejo como pertencente à árvore, sucessor ecológico, ecossistema, mãe terra, Enebio, como queira chamar. Todo ano essa chama é estimulada. Nesse ano não foi diferente.

O EREB – SeRio teve sorrisos até demais (como se existisse um limite para o sorrir). A reflexão que este tempo me proporcionou talvez seja a maior riqueza que conquistei. Saio de lá convicto que eu mesmo posso me aceitar como sou. Me (re)conheço a ponto de saber quantos sou e quais sou, respeitando os limites que cada João necessita. Aprendi que o de hoje quer paz. Não inércia. Paz. Quero estar em constante movimento pela busca – sempre interminável – dos valores que me constroem. Essa movimento tem nome e chama educação. A Biologia me deu de presente o privilégio de me mostrar o portal dos portais. Saio do encontro na ânsia de me tornar um biólogo e, posteriormente, um pedagogo. Mas sempre na paz. Em um lugar tranquilo.

“Luta. O Velho Antônio dizia que a luta é como um círculo. Pode começar em qualquer ponto, mas nunca termina.”

João Victor (Cinzeiro), Maio de 2017

Opilião do leitorx #1


A edição #0, a meu ver, surge com uma proposta muito interessante de informar e problematizar sobre os vários eventos que ocorrem no IB da Unicamp, em outros IBs pelas graduações afora e na biologia como um todo. Tenho a impressão de que o ambiente em que vivemos na graduação torna muito fácil nos isolarmos em uma “bolha” de responsabilidades diárias, provas, trabalhos, eventos e todas essas coisas que aprendemos a fazer ao mesmo tempo e contra todas as possibilidades temporais (hehe). Mas um jornal pode representar a possibilidade de emergir um pouco dessa bolha universitária e também de nos aproximarmos mais de outras questões extremamente relevantes para a nossa formação, como biólogos e como pessoas. Nesse sentido, eu adoraria ver uma coluna com notícias do mundo, abordando algum assunto atual que pode estar sendo bastante repercutido na sociedade e não tanto (quanto gostaríamos) no IB. Uma outra repercussão dos acontecimentos sociais que aprecio muito são as crônicas, e por isso eu também gostaria de ver um espaço para que a pessoas possam se expressar no jornal através da escrita criativa (o que na verdade já foi incentivado na edição #0 e apoio muito o/). Como amante – já perceptível – da leitura e da expressão artística em geral, adorei o espaço “seu meio de cultura”, acho que fazer um intercâmbio da arte com as questões importantes na comunidade do IB é uma ótima forma de estimular discussões saudáveis e enriquecedoras. Me identifiquei MUITO com o texto “vem bixe”, porque em vários aspectos ainda sinto que acabei de chegar na Unicamp, e aquela cara de “pra onde eu vou e o que eu devia estar fazendo agora” continua uma expressão facial frequente no meu repertório (socorro). Acho que em muitos aspectos de como funciona a vida no IB e na Unicamp a gente realmente cai de paraquedas, desde coisas simples, como “onde eu entro pra trancar essa disciplina” até “o que é a congregação e onde eu existo na política da Universidade” (baseado em fatos reais). Por isso, uma última sugestão que deixo para o jornal é criar algo como uma “coluna tutorial”, falando um pouco mais de temas sobre os quais a comunidade ibeana tem ou já teve alguma dúvida. Isso seria uma ótima ajuda para todos nós paraquedistas que amamos o IB a aprendemos um pouquinho com ele todos os dias ^^

Letícia Magpali (Aquaman 015D)